Odiava essas ocasiões. Todo o nervosismo, as formalidades. O frio na barriga, a falta de apetite no almoço. Toda babaquice irritava. Mas como conhecer pessoas sem um primeiro encontro? Além disso, era artista. Precisava sempre de emoções e sentimentos – mesmo que estúpidos – para buscar inspirações. Sua vida monótona e entediante era lerda e improdutiva. Essas experiências, ainda que idiotas, rendiam-lhe, ao menos, combustível para produzir. E, o estômago revirado, mais uma vez. Não pelo pretendente, mas pela ocasião. Embora soubesse exatamente o que a esperava: um bar, um café, um restaurante qualquer; uma conversa impessoal, palavras medidas, reguladas; aquele jogo de conquista, charme, lábios, olhos, pernas – o corpo todo dizendo; uns amassos no carro; uma cama – dele, dela ou outra qualquer. Nos próximos dias, o celular colado ao corpo, sempre a espreita: aguardando a ligação. Todo torpedo recebido, uma ansiedade só. O prazo era de quatro dias. Se não ligar, ela liga. Se não responder, pronto. Enterra o assunto.
Daí, depois de um tempo, tudo de novo.
Ao menos, tinha combustível.
1 comentários:
esse tudo novo de novo é bom, mas consome um baita combustível nosso...
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